Montessori

em casa

Se entrar numa sala numa escola Montessori, verá de imediato que o espaço foi cuidadosamente preparado tendo em conta as crianças. O mesmo é perfeitamente possível em casa! Não se trata de ter uma casa perfeita, mas podemos organizar os espaços com intenção, ter uma zona em cada divisão preparada para a criança. Isso vai contribuir para que a criança se sinta bem -vinda em casa o que terá impacto positivo no seu desenvolvimento.

O ambiente da criança deve ser em primeiro lugar seguro (verificar as janelas, a eletricidade, a altura, os fios). Depois ter outras caraterísticas como ser pensado para a criança e para as suas necessidades, deve ser também acessível e limitado no número de objetos. A criança deve ter acesso à casa onde vive, lembre-se que ela não é inquilina ela vive lá. Esse acesso, contudo, deve ser feito de forma progressiva, conforme a criança aprenda e seja capaz de fazer as coisas. 

No geral, quando pensamos num ambiente preparado temos de ter conta a nossa casa num todo. As necessidades mais básicas devem ser permitidas que as crianças as façam sozinhas, como beber água, comer, vestir-se e despir-se, tomar banho e cuidar-se sozinha.

Quando as coisas não podem ficar mais baixas, podemos colocar uma banco ou uma torre de aprendizagem para que a criança possa aceder, por exemplo a um lavatório.

A exploração do ambiente é necessária à vida. 

Vamos ver alguns exemplos de como tudo isto se realiza na prática em casa num ambiente preparado.

Preparar a casa

HALL DE ENTRADA

O hall de entrada usado por todos numa casa, mas raramente pensado para a criança. Pequenas mudanças vão permitir à criança fazer as coisas de forma independente:

  • Cabides baixos, à altura da criança, de modo, a que ela consiga pendurar a sua mochila, o casaco, o chapéu etc.

  • Cesto ou  prateleira ou sapateira para os sapatos

  • Cesto para objetos sazonais como luvas, gorros, óculos de sol

  • Cadeira ou banco baixinho para que a criança possa senta-se e assim calçar e descalçar os sapatos.

SALA DE ESTAR

A sala de estar é outro exemplo, onde na maioria, as crianças não são tidas em conta, ou simplesmente não podem brincar na sala (porque é dos adultos) ou por outro lado,  a sala está caótica, devido aos tantos brinquedos que se encontram espalhados. Nenhuma das situações tem em conta a criança.  A sala de estar pode ser transformada numa zona de movimento: Neste caso, as sugestões são as seguintes:

  • Pode ter um tapete ou carpete para delinear o espaço, nesse espaço pode ter um cesto ou prateleira com brinquedos

  • Estante baixa com duas ou três prateleiras. Se tiver mais do que uma criança pode usar as prateleiras mais baixas para as atividades da criança mais nova e as prateleiras mais altas para a criança mais velha

  • Uma mesa e uma cadeira pequenas

  • Poder ter sofá pequenino ou poltrona junto a um cesto de livros

  • Um tapete de movimento em que o bebé se possa esticar e mexer pernas e braços.Há a moda de comprar quadrados de espuma coloridos para cobrir superfícies duras . Esses quadrados de espuma podem ser perigosos, pois o bebé pode tropeçar quando começa a erguer-se e as cores podem criar demasiado ruído visual ao espaço. Em vez disso, o tapete de movimento fornece uma superfície suave para o bebé explorar quando ainda não gatinha. Pode colocar um espelho na horizontal.

  • Um cesto contendo cerca de cinco ou seis livros cartonados.

COZINHA

A cozinha, local de refeições, local de convívio e de estar em família. Desde tenra idade, a cozinha desperta interesse, não só por ser o local de preparação dos alimentos, como também onde  se guardam vários utensílios adorados por crianças pequenas, quem nunca viu um bebé a brincar com tampas de tachos, por exemplo. Pois bem, a cozinha merece especial atenção, é um local muito apetecível, mas também que pode apresentar alguns perigos, pelo que, a segurança a preparar este ambiente merece total atenção.

A partir do momento em que a criança consegue andar, agarrar ou carregar coisas podemos pensar em preparar o ambiente na cozinha. Isso poderá acontecer por volta dos dois anos de idade, a criança já pode começar a interagir mais ativamente com a cozinha e começa a adquirir maior liberdade e autonomia, se o ambiente favorecer este desenvolvimento.

Um primeiro passo é ter algumas coisas à disposição da criança. Caso tenha algumas prateleiras baixas podem servir, ou um carrinho (daqueles em que colocamos fruta e legumes) e, se por um lado algumas coisas podem estar ao nível da criança, outras continuam bem altas como por exemplo um lava-loiça, neste caso vamos subir a criança, um banco ou uma torre de aprendizagem são investimentos que valem a pena. Melhor do que isso, se houver espaço, é dar à criança uma mesa baixa e uma cadeirinha, para que ela possa preparar pequenos lanches para si mesma e até ajudar na preparação da comida.

A lógica em Montessori é que a criança tenha liberdade para beber água sempre que tiver sede ou alimentar-se quando tiver fome . Assim, dar acesso a água e comida é algo muito importante para autonomia da criança, e é muito fácil preparar esse ambiente.

Para apoiar os pequenos nesta fase, pode instalar uma pequena mesa ou numa prateleira pode colocar um jarrinho pequenino com água suficiente para um copo (não colocar no jarro mais água que o copo pode conter, pois a tendência é que a criança despeje para o copo toda a água existente no jarro e claro mostrar sempre como se faz.).

No que toca à comida, pode também colocar à disposição duas pequenas taças com alimentos por exemplo, fruta, bolachas, tostas (a quantidade suficiente para não interferir na hora das refeições, aqui a lógica é a mesma da água, se não quer que a criança como um pacote inteiro de bolachas então não pode colocá-lo à disposição apenas algumas). A comida e a água devem ser repostas ao logo doa dia conforme a necessidade.

QUARTO

Muito se fala do quarto montessori, aliás se fizermos uma pesquisa por Montessori vão aparecer inúmeras imagens de quartos e camas montessori, mas já lá iremos. O primeiro passo para um quarto infantil é olhar para ele do ponto de vista da criança e não o do adulto. Aquilo que a criança puder mexer deve ficar ao nível das suas mãos. Os brinquedos dela são dela, e podem ser deixados em prateleiras baixas o suficiente para que lhes possa mexer. O mesmo acontece com a sua roupa. Se queremos que a criança se vista sozinha um dia, e saiba escolher o que vestir, devemos deixar pelo menos algumas de suas peças disponíveis para o acesso.

Na prática, tudo o que a criança não pode mexer não coloque no ambiente!

O ponto de vista da criança não é só a altura dos seus olhos ou onde os seus braços alcançam, mas também o comprimento das suas pernas, bem como, verificar o que pode ser um obstáculo à criança . Um quarto com muitos brinquedos, muitos quadros na parede e decoração excessiva é muito caro, dá trabalho para limpar e organizar e a criança acabará por se interessar pouco ou nada do ambiente.Simplifique!

A CAMA

Na pedagogia montessori entende-se que a criança deve habituar-se à cama desde cedo, sendo interessante a utilização de um colchão no chão. Assim, haverá menos obstáculos para ela entrar e sair sozinha; ela desenvolverá, desde cedo, a noção do espaço e a sua delimitação. A aquisição de autonomia, o ir e vir, será naturalmente estimulada. Sem contar que, com o tempo, será um facilitador para ela arrumar a própria cama. Muito de fala da cama Montessori, pois bem, não existe cama montessori, em momento algum na sua obra Maria Montessori referiu-se a uma cama, mas simplesmente a um colchão no chão. A cama casinha, tenda etc é apenas marketing. Na nossa cultura ocidental, a utilização de um berço ou de uma cama cheia de grades é inquestionável, afinal toda a gente usa, somos criados a pensar que é necessário, mas será que é? Montessori defendia que a criança pode, sem risco de saúde ou segurança, dormir num colchão, que pode ser colocado sobre o chão ou sobre um estrado baixo ou um tapete grosso para isolá-la da temperatura do piso. No quarto da criança, o acesso a cama é fundamental.

Quando o bebé é pequeno, podemos proteger o dito colchão com almofadas, em volta, para que a criança não corra o risco de cair durante a noite, mas apenas nos primeiros meses.  Em nenhum outro momento uma cerca é necessária. A criança não precisa ficar presa se o quarto for adequado a ela, basta que fique segura. Até a possibilidade de cair é importante, porque a criança aos poucos aprende a controlar o seu corpo durante o sono – além disso uma queda de um colchão não será assim tão grave do que fosse numa cama. Durante o dia, deixe a cama sem proteção alguma, para que seja fácil para a criança subir e descer da cama quando desejar. Ao lado do colchão, pode colocar um tapete ou alcatifa, para que a criança não ponha os pés diretamente no chão quando acordar.

Nota: Nem todas as famílias se sentem confortáveis a usar uma cama no chão.

Neste caso, recomendamos mudar o bebé para uma caminha de criança assim que ele conseguir subir e descer da mesma autonomamente (sensivelmente entre os doze e os quinze meses de idade). Podemos começar com sestas diurnas para orientar o bebé para o seu novo lugar de dormir. Sentamo-nos junto dele até que adormeça, durante os primeiros dias, para o ajudar a orientar-se e, depois, começamos a sair do seu quarto.

O GUARDA- ROUPA

Em Montessori, promovemos a liberdade de escolha desde cedo, pequenas escolhas adequadas à idade da criança. Uma criança pequena que já anda e se coloca de pé pode bem ter acesso à sua roupa. Não é acesso à roupa toda, a algumas peças que previamente já selecionarmos. Assim, pode usar as gavetas mais baixas de uma cómoda ou do roupeiro e se tiver oportunidade um cabide (charriot) é uma boa dica, simples, económico e eficaz. Pode também usar um cesto com algumas opções de roupa. Guarde a roupa que não estiver a uso (de outra estação do anos) fora do alcance da criança, para evitar eventuais “lutas”. A ideia é colocar algumas peças de roupas e calçados à altura da criança para que ela escolha (ou ajude a escolher) o que ela ira vestir e calçar.

CANTINHO DA LEITURA 

Cantinho da leitura tem como objetivo promover o interesse pelos livros desde cedo, o cantinho da leitura é um espaço muito especial. Assim, devemos ter prateleiras à altura da criança, ou um escaparate ou ainda um cesto, embora as duas primeiras opções são as mais indicadas, isto porque permite que a capa fique de frente e não a borda dos livros, o que vai permitir a escolha, por isso, também neste ponto devemos selecionar, cuidadosamente, os livros e ter o cuidado de colocar um número limitado, todas as semanas pode ir trocando por outros livros num género de “rotatividade”. Esse cantinho pode ainda ter um e um puff, ou almofada no chão ou uma cadeira baixinha confortável. Lembre-se, tem que ser dada à criança a oportunidade de tirar e pôr os livros das prateleiras.

WC

Embora vá demorar alguns meses até que o bebé use este espaço autonomamente, podemos preparar as coisas desde já para a maneira como serão usadas à medida que ele cresce:

  • Por volta dos doze meses, alguns bebés mostram interesse em usar o bacio e podemos oferecer-lho quando lhe mudamos a fralda ou as cuecas de aprendizagem (cuecas de algodão com forro extra para absorver um pouco de xixi). Outras crianças mostrarão este interesse muito mais tarde. Siga sempre o ritmo da criança. A zona da casa de banho será atualizada quando o bebé se tornar uma criança pequena.

  • Quanto ao wc, basta um banquinho. Um adaptador para a sanita é uma opção interessante e útil para algumas crianças. Se a sua criança não quer usar e prefere se apoiar diretamente sobre o suporte adulto, isso não é um problema. Um banquinho ajuda as pernas e descansarem enquanto ela está sentada, ou a alcançar a sanita de pé. O mesmo banquinho, pode ser utilizado para a criança aceder ao lavatório.

  • Agir com as mãos, com propósito e controle sobre os seus movimentos traz à criança serenidade, equilíbrio e alegria, suportes muito importantes para um desenvolvimento saudável da personalidade por isso é tão importante proporcionar o ambiente preparado em toda a casa.

  • Chegar ao lavatório -  lavar as mãos e escovar dentes - Um banquinho para que a criança chegue o lavatório e para entrar na banheira também é uma boa sugestão de independência. No lavatório, pode ter um pequeno sabonete em barra ou liquido para que a criança consiga usar sozinha para lavar as mãos. Escova de dentes, pasta de dentes e escova de cabelo tudo ao alcance da criança. (Caso não seja possível o uso do lavatório, o bidé pode ser uma alternativa).

 Ver o espaço da perspetiva da criança

Para fazer um ambiente preparado, pode fazer um exercício, baixar-se e andar de gatas pela casa, isso dar-lhe-á uma visão de como a criança vê o espaço . Talvez encontre fios tentadores ou alguma desarrumação por baixo das prateleira, ou talvez o espaço esteja demasiado cheio.

Inicialmente, estas alterações na nossa casa podem parecer impossíveis de conseguir. Até nos poderemos perguntar : «O meu bebé não deitará tudo ao chão, agora que tem tudo ao seu alcance?» Sim, provavelmente fá-lo-á, no início. E depois, perderá o interesse, ou podemos mostrar-lhe aquilo com que pode brincar. Certifique-se de que trancamos devidamente armários que contêm produtos químicos ou objetos perigosos. Quanto ao resto, é uma questão de confiança. Ele encontrará algumas coisas que não serão apropriadas para ele, mas é essa a sua função - explorar o mundo em seu redor.

Por isso, criamos espaços «sim» tanto quanto nos for possível e guardamos devidamente coisas perigosas, e o bebé aprenderá, experimentando, que entalar os dedos em gavetas dói, e nós estaremos lá com braços carinhosos para o sossegar, se necessário.

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