OS GRITOS NÃO ENSINAM

Os gritos são como lanças, como dardos envenenados. Talvez pensemos que a criança reage aos gritos porque “aprende a lição”, mas não é o caso. A criança reage porque isso a magoa e porque fica com medo. Mas ela não aprende. O seu cérebro congela.

Assim como quem levanta a voz mais alto não tem mais razão, quem grita com crianças não chegará a lado nenhum. Gritar pode ter duas origens: ou perda de paciência ou porque acreditamos que gera autoridade e disciplina. Mas não importa qual seja a origem. Em ambos os casos, gritar é inútil. Explicamos (de forma científica) porque gritar não serve de nada. Pior: o cérebro da criança não aprende quando gritam com ela. Ele congela!

Para além de todas as razões por que os gritos devem ser eliminados, existem várias explicações cientificas que esperamos vos ajude a decidir a eliminar os gritos da vossa vida com as crianças. Ora vejamos:

4 razões pelas quais o cérebro de uma criança não aprende quando gritam com ela

1. O cérebro aprende melhor num ambiente seguro 

E não apenas as crianças. Numerosos estudos demonstraram que os adultos também trabalham e têm melhor desempenho num ambiente “amigável”, onde existe respeito e sem gritos.

2. Ao gritar, a emoção do medo é ativada

O medo bloqueia uma área do cérebro chamada de amígdala que impede a passagem de novas informações. A amígdala, lembre-se, é responsável, entre outras coisas, pela regulação das emoções. Quando a dita amígdala detecta um perigo (como gritar) ativa uma resposta que nos empurra para nos afastarmos da ameaça. (fugimos, lutamos, fingimos de mortos). Assim, ao deparar-se com gritos, o cérebro ativa uma espécie de ‘modo de sobrevivência’. A área do sistema límbico onde está localizada a amígdala implanta uma espécie de ‘escudo’ para se proteger dos gritos.

3. Gritar afeta diretamente a amígdala

A amígdala é como uma 'sentinela das emoções' e é responsável por ativar em nós a vigilância ou o bom senso, ou dar a ordem de 'fuga' em caso de perigo. Faz isso através de neurotransmissores que ativam substâncias como dopamina, adrenalina,glicorticóides.

4. Gritar irá gerar memórias negativas na memória

A amígdala também é responsável por armazenar memórias relacionadas com as emoções. E de acordo com as conclusões de numerosos estudos neurocientíficos,a amígdala desempenha um papel importante na aprendizagem durante a infância. Contudo, Isso não significa que não podemos gritar. Podemos fazer isso, sim, como fuga de uma situação tensa, da angústia ou como alívio. Mas não como arma educacional. Não na frente das crianças. Podemos abrir a janela e gritar. Podemos escalar uma montanha e gritar. Libertamos medos, e os medos libertam raiva e stress acumulados. Na frente dos seus filhos, respire fundo, conte até 10 e troque o grito por algo mais eficaz e instrutivo.

O que você pode fazer em vez de gritar com as crianças?

Muita paciência dos pais:

1. Educação emocional

Uma criança capaz de gerir as suas emoções em cada situação é uma criança feliz, capaz de lidar com situações de stress ou conflito. Se educar as emoções do seu filho, será mais fácil impor regras e limites.

2. Técnica sanduíche
É técnica que consiste em expor as qualidades positivas da criança antes de lhe pedir para mudar o seu comportamento, terminando com palavras positivas de confiança nela, para reforçar a sua autoestima.

3.Conquiste o respeito das crianças
Não precisa gritar para conquistar o respeito das crianças. Disciplina e autoridade bastam, mas sem gritos ou ameaças.

4.Crie mais empatia
A empatia fará com que entendam por que lhes pedimos uma coisa ou outra. Eles saberão “ler” as nossas emoções e entenderão por que às vezes podemos ficar stressados e perder a paciência.

5.Construir uma base sólida de regras e limites
Uma boa base de regras e limites fará com que as crianças obedeçam sem necessidade de gritar, pois terão assumido o que não podem fazer em hipótese alguma.

 

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Fonte: https://www.guiainfantil

 
Mara Alves

Jornalista e autora do montestory.

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